Xambá
no IFPA
O Projeto Xambá
O ato de educar talvez seja o mais desafiador de uma vida profissional. Porque isso significa se comprometer. Educar de verdade, pensando no outro e na sua formação como ser humano, exige a responsabilidade de apoiar a construção de saberes de cada estudante e instigá-lo a desenvolver suas potencialidades. Mas é preciso ensinar com o olhar atento e respeitoso às diversidades. Na sala de aula, questões como raça, identidade, orientação sexual, gênero e condição social revelam a pluralidade de pautas que atravessam os muros da escola e exigem do professor uma atitude de enfrentamento a qualquer tipo de preconceito e discriminação.
Mais do que nunca, o educador brasileiro precisa estar preparado para combater opressões e apoiar as diversidades em um país cada vez mais ameaçado por uma crescente onda conservadora, que faz coro ao progressivo desmantelamento das conquistas e avanços de uma luta por uma sociedade mais justa e igualitária. E como enfrentar isso e se preparar para os conflitos que ocorrerão no ambiente escolar? Foi nesse rico processo de reflexão que nasceu o projeto “Xambá no IFPA – A minha existência é resistência”, uma programação cultural dedicada a sensibilizar a comunidade acadêmica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – Campus Belém para o combate ao preconceito, à discriminação e ao racismo.
Arte Visual: Rubens Pinheiro da Cunha
Arte inicial: Antônio Malato
Essas reflexões foram provocadas na disciplina de Educação para as Relações Etcnicorraciais (ERER), inserida em 2007 na grade curricular dos cursos de Formação de Professores do IFPA em um pioneirismo da instituição no norte do Brasil. Entre conceitos, teorias e leituras, a professora da disciplina, Helena Rocha, lançou um desafio aos alunos do segundo semestre do curso de Letras: realizar uma campanha que movimentasse o campus e trouxesse à tona o debate para os temas sobre raça, identidade e preconceito em relação a tudo que é diferente e desestabiliza os padrões.
A turma foi dividida em grupos de trabalho, responsáveis por produzir as várias etapas da campanha, que culmina no dia 11 de março com uma programação de debates, palestras, oficinas, mostras culturais no Auditório Central do IFPA. Um videoclipe, uma história em quadrinhos, um jingle, além deste site e da página do projeto no Facebook integram os produtos criados para celebrar a diversidade e contribuir para uma sociedade livre da discriminação em todas as suas formas.
Xambá tem origem nas lutas e na resistência de povos marginalizados. Na África, grupos étnicos carregavam o sobrenome como herança dos guerreiros que lutaram por liberdade e independência. Em Pernambuco, Xambá é uma tradição religiosa que se recusou a desaparecer e resistiu em meio às perseguições policiais, à violência, à discriminação e intolerância religiosa contra os ritos de matriz africana.
Não à toa, o nome foi escolhido para a iniciativa “Xambá no IFPA – A minha existência é resistência”. Mais do que realizar uma atividade avaliativa para a disciplina de ERER, o “Xambá no IFPA” trata do engajamento de futuros professores com os rumos do ensino no país. O resultado é um projeto construído por muitas mãos, por estudantes que, em breve, ocuparão os espaços de ensino no Pará - certamente mais preparados para o desafio de uma educação libertadora. Longe de ser a realidade da maioria das escolas brasileiras, essa educação segue existindo, porque educar para empoderar é também resistência.
Vamos juntos construir a escola e a sociedade que queremos?
Equipe Xambá!